Páginas

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Nangeli, a indiana que cortou seus seios para protestar contra um imposto

 via mdig

"Durante séculos, as castas ditaram quase todos os aspectos da vida religiosa e social da Índia, e cada grupo ocupa um lugar específico dentro da sociedade complexa e hierarquizada. Os dalit ou "intocáveis" são os membros mais pobres e discriminados na sociedade de castas. E Nangeli, como terão podido imaginar, era uma dalit, que vivia com seu marido Chirukandan, logicamente também dalit, em Cherthala, um pequeno povoado costeiro do reino de Travancore, hoje o estado de Kerala ao sul da Índia.

Nangeli, a mulher que cortou seus seios para protestar contra um imposto


Duas redes e uma cabana de pau-a-pique eram suas únicas posses. Por sua condição de intocáveis tinham muitas obrigações e impostos a pagar, entre eles o mulakkaram, o imposto dos seios que as mulheres dalit tinham que pagar se quisessem cobrir o busto.

Além de encher as arcas das classes superiores, este imposto servia para manter a estrutura de castas, já que o torso nu era um sinal de respeito para as castas superiores e, desta forma, também podiam se identificar simplesmente pela forma em que se vestiam. A roupa marcava a identidade social, e a parte superior assumiu um papel simbólico. Mesmo assim, se pudesse pagar podia cobrir.

As jovens adolescentes dalit recebiam a visita do cobrador público que estabelecia o imposto que deveriam pagar durante toda sua vida se desejassem se cobrir. E Nangeli, indignada e humilhada por aquela injustiça que só obrigava às mulheres de sua casta, um bom dia, no começos do Século XIX, disse basta.

Ela passeou pelas ruas de seu povoado com os seios cobertos sem ter pago previamente o imposto. Como era de esperar, uma vizinha linguaruda a denunciou e recebeu a visita do arrecadador do reino no seu barraco. Ele exigiu que pagasse o imposto, e, ato seguido, ela se negou. Depois de ameaçar com o castigo correspondente para aquela infração, Nangeli simplesmente pegou um ceifador de trigo e, diante de seus narizes, cortou os seios e entregou-os em uma folha de bananeira.

- "Pronto, se não tenho seios, não tenho que pagar o mulakkaram", disse a mulher.

O arrecadador, aterrorizado, sem poder dar crédito ao que acabara de ver saiu correndo. Quando Chirukandan regressou para casa naquele dia, encontrou o corpo de Nangeli em uma poça de sangue. Ela morreu devido a perda excessiva de sangue. Chirukandan morreria também horas depois, quando, perturbado, pulou na pira funerária em chamas da esposa. O casal não teve filhos.

O sacrifício não foi em vão. A notícia correu como fogo morro acima por todo o reino e muitas mulheres das castas inferiores se revelaram contra o pagamento do imposto, no que ficou conhecido como a revolta Channar.

Nangeli, a mulher que cortou seus seios para protestar contra um imposto
Pôster proposto pelo cineasta indiano Vinayan para um filme sobre Nangeli

Uma revolta que, reprimida em muitas ocasiões com brutalidade, as mulheres das castas inferiores mantiveram latente durante mais de 30 anos até conseguir seu objetivo. A rebelião atingiu tal envergadura que o governo britânico e os missionários cristãos pressionaram o governo de Travancore para que cedesse. E isso ocorreu em 1859. permissão para cobrir seus seios sem pagar nenhum imposto, mas mantiveram a restrição de que não podiam imitar o modo de vestir das mulheres das castas privilegiadas.

Durante muito tempo Cherthala ficou conhecida como Mulachiparambu, "a terra da mulher dos seios".

Nós não podemos cometer a leviandade de deixar de informar que esta história é amplamente vista como uma lenda urbana entre os círculos acadêmicos, mas ganhou ampla atenção desde a publicação de um artigo da BBC Ásia, que conversou inclusive com um suposto bisneto da prima de Nangeli, Maniyan Velu, que se disse chateado porque a história de Nangeli não é mais co

Tentando contentar a todos, às mulheres dalit agora tinham anhecida.

- "Seu ato foi altruísta, um sacrifício para beneficiar todas as mulheres de Travancore e, por fim, forçou o rei a reduzir o imposto sobre os seios", disse ele.

Um homem idoso, Maniyan não possui terras, e seus filhos trabalham na roça, mas ele não buscava caridade nem publicidade, apenas algum reconhecimento.

- "Estamos muito orgulhosos de ser sua família. Tudo o que queremos é que mais pessoas saibam sobre seu sacrifício. Seria adequado se o nome dela fizesse parte da história desta região", disse ele." 

Share |

Documentário sobre o Kumbh Mela e os Naga Sadhus

Share |

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Era Shiva um Astronauta? A arqueologia por trás do boato da civilização perdida num rio indiano

Texto escrito por Potira em 20/02/2021 para o blog As Mil e Uma Índias

Você já viu pelas redes sociais alguma das imagens abaixo? Há quem diga que são vestígios de alguma misteriosa civilização que estava submersa em um rio na Índia. Outros acreditam que seja prova da existência de Atlântida. Alguns afirmam que os "misteriosos" símbolos são representações de naves espaciais e até quem alerte que o rio Ganges está secando pelo excesso de barragens. Mas será que estas imagens são reais? O que elas realmente significam? Ficam realmente na Índia? Ficam no rio Ganges?











Algumas das imagens postadas nas redes sociais sem créditos e sem fontes

Lembrando que os debates decoloniais já evidenciam que ao longo da história o colonialismo tratou como "alienígena" qualquer evidência material que mostrasse grau elevado de sofisticação, refinamento e desenvolvimento tecnológico dos povos subjugados. Não me proponho aqui a discussão sobre a crença na existência de Atlântida, assim como deixo de lado o debate sobre a questão fluvial do Ganges ou de qualquer outro dos milhares de rios indianos (que mudam seu volume de água em razão das monções ou de outras alterações climáticas e/ou humanas.) 

Não é a primeira vez que me deparo com estas imagens e com o mesmo boato. Mas agora estou vendo alguns brasileiros compartilhando imagens de dois locais diferentes (um na Índia e outro no Camboja) como se fossem de uma recém descoberta cidade indiana que ficou visível após a seca do rio. Por não termos muitas informações em português vou trazer aqui algumas traduções com as devidas referências e no final uma explicação da mitologia hindu sobre os símbolos lingas

Em 16 de julho de 2018 numa reportagem de Harsha Singh para o The Times of India chamado "A verdade por trás do surgimento de 'um lakh (unidade de medida indiana equivalente a 100.000) de Shiva Lingas' num rio em Karnataka" consta que as imagens são verdadeiras, mas as informações atribuídas a ela são falsas. O boato dizia que pela primeira vez na história da Índia poderiam ser vistas centenas de milhares de shivalingas no rio Shivakashi em Karnataka, Índia. 

Uma das postagens que espalhou o boato reproduzida no The Times of India

A reportagem informa que Sahasralinga, distante 14 km da cidade de Sirsi, fica realmente em Karnataka e é um famoso local de peregrinação principalmente durante o festival hindu de Mahashivaratri. Seriam cerca de mil lingas e não centenas de milhares de esculturas nas rochas das margens do rio Shalmala. Foram construídas durante o reinado de Sadashivarayavarma, rei de Sirsi entre 1678 e 1718. No final do texto tem o nome de um local com esculturas semelhantes: Kbal Spean que compõe um sítio recentemente registrado pela Unesco e faz parte do famoso conjunto arqueológico de Angkor no Camboja.  

Sobre este segundo local em matéria no The Times of India, assinada por Panchali Dey em 11 de outubro de 2018: "Caminhe até Kbal Spean, o 'Rio de 1000 Lingas'." temos informações sobre as outras fotografias das esculturas no rio em meio a selva no nordeste de Angkor. Foram construídas durante o reinado de Udayadityavarman II no século XI e teriam sido descobertas pelo etnólogo francês Jean Boulbet em 1969. 

Esculturas em Kbal Spean, Camboja postadas na matéria do The Times of India 

Como as dinastias de Angkor praticavam o hinduísmo, há milhares de templos e esculturas de divindades hindus. Em Kbal Spean, no leito do rio foram esculpidas muitas lingas e representações do deus Shiva com forma humana. Também há diversos touros e destacam-se imagens reclinadas do deus Vishnu com as serpentes e do deus Brahma sentado em um lótus. 

Esculturas em Kbal Spean, Camboja postadas na matéria do The Times of India

Lingas

Nas imagens as esculturas em pedra retratam predominantemente o deus Shiva e seu veículo o touro Nandi. Algumas das representações da divindade hindu não são antropomórficas, ou seja, não tem forma humana e pode-se ver o formato fálico. Não tem nada de alienígena, trata-se de uma representação comum encontrada em locais de culto ao deus Shiva.

O símbolo que se chama Linga ou Lingam é o "arquétipo do órgão sexual masculino, representação da fertilidade e ícone da criação e destruição rítmicas do universo. [...] Ao lado do Lingam sempre encontramos a Yoni, arquétipo do órgão sexual feminino, assimilado à porta para o mundo e à porta para a libertação do ciclo de renascimentos e mortes individuais." (SARASWATI, Aghorananda. Incursões pela mitologia hindu. Belo Horizonte: Satyananda Yoga Center, 2019. p. 181)
Share |

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Kalbelyias: os ciganos indianos do Rajastão



Este filme sobre os Kalbelyias, um grupo cigano da Índia foi feito em 2015 pelo cineasta, músico e fotógrafo francês Raphael Treza em Pushkar, no Rajastão. Mostra um pouco do cotidiano deste grupo e foi transmitido no Discovery Channel Asia em 2020.
Share |

sábado, 17 de junho de 2017

Malayalam short film

Incrível!
Assista com legendas em inglês!

Share |

quinta-feira, 1 de junho de 2017

A MISTERIOSA CIVILIZAÇÃO DE HARAPPA


Por Joelza Ester Domingues 
  
A partir de 3500 a.C., mais de mil cidades surgiram no noroeste do subcontinente indiano estendendo-se pelos atuais Paquistão, parte da Índia e Afeganistão. Harappa, o primeiro sítio escavado, batizou essa enorme sociedade de Civilização Harapense ou Harapeana.
   Ela floresceu no vale do rio Indo e do agora seco Rio Sarasvati e seus afluentes cobrindo uma área de 1,25 milhões de km2 o que a coloca como a civilização antiga de maior extensão geográfica do mundo. No seu auge, entre 2.600 a.C. a 1900 a.C., pode ter tido uma população de mais de 5 milhões de pessoas. 

   Civilização de Harappa. 
             Pesquisas recentes indicam que ela teria se iniciado na Índia. 

Primeiras descobertas 

   As ruínas de Harappa foram descritas pela primeira vez em 1842 pelo aventureiro britânico Charles Masson, mas, somente em 1856, quando engenheiros britânicos estendiam os trilhos da East Indian Railway Company elas despertaram interesse utilitário: seus tijolos duros e bem queimados foram usados na construção da ferrovia.
   Em 1872, o engenheiro e arqueólogo britânico Alexandre Cunningham publicou o primeiro selo de Harappa. Mas ainda levaria meio século para Harappa ser escavada (1922) e, dez anos depois, Mohenjo-Daro, mais ao sul. 
   As descobertas surpreenderam os pesquisadores que encontram cidades planejadas e tecnologicamente avançadas em metalurgia, sistema de escrita, padrões de medida etc. Os trabalhos arqueológicos entraram em ritmo acelerado. Após a independência, em 1947, a maior parte dos achados foi herdada pelo Paquistão que deu continuidade ao trabalho. 
   Em 1999, haviam sido encontrados 1.056 cidades e assentamentos, dos quais somente 96 foram escavados. Destes, os principais são: Harappa, Mohenjo-Daro (Patrimônio Mundial da Unesco desde 1980), ambos no Paquistão; Rupar, Lothal e Rakhigarhi na Índia. 
   Rakhigarhi, no noroeste da Índia, situado próximo ao leito seco do rio Sarasvati, é considerado o maior sítio harapeano, com 350 hectares ou 3,5 km2 enquanto Harappa e Mohenjo-daro têm, respectivamente 200 e 150 hectares. É, também, o mais antigo, com datações entre 6000 e 5000 a.C. o que leva à hipótese de que Rakhigarhi foi o núcleo inicial da civilização harapeana e de onde ela teria se expandido para o vale do Indo. 

   Mohenjo-Daro, “cidade dos mortos”, no Paquistão. 

Harappa, a primeira cidade descoberta no Vale do Indo. 


Início da civilização 
   O vale do Indo e do Sarasvati começaram a ser ocupados por aldeias neolíticas por volta de 7.500 a.C. (cultura pré-Harappa). 
A civilização harapeana teria tido seu aparecimento por volta de 3500 a.C. passando por 3 fases: 
*Harappa anterior: 3500 a 2600 a.C. (primeiros exemplos de escrita) 
*Harappa madura: 2600 a 1900 a.C. (apogeu) 
*Harappa posterior: 1900 a 1400 (declínio) 

   As descobertas da cidade de Rakhigarhi, contudo, estão causando uma reviravolta nos estudos e nas teorias até agora aceitas pelos especialistas. A cronologia e a geografia da civilização harapeana certamente serão revistas. 

Cidades planejadas 
   A civilização de Harappa foi a primeira do mundo a desenvolver um projeto urbano. As cidades possuíam avenidas largas e quarteirões geometricamente exatos. Os tijolos de suas construções seguiam um padrão de medida. 
   O mais surpreendente era a preocupação com o acesso à água e o saneamento. Os harapeanos desenvolveram uma engenharia hidráulica única no mundo da época. Individualmente ou em grupo, todas as casas eram servidas por poços de água. Possuíam, também vasos sanitários ligados a um canal de esgoto comum, coberto com lajes de pedra, e que percorria toda cidade. 
   Os antigos sistemas de água e esgoto das cidades harapeanas eram muito mais adiantados que civilizações contemporâneas e mais eficientes do que os existentes hoje no Paquistão e na Índia. 
   Na parte alta da cidade, havia uma piscina provavelmente utilizada para banhos públicos (um ritual?) com uma escadaria que permitia descer até seu interior. Este tipo de escada, em geral escavada na rocha, ainda é comum nas construções indianas. 
   As cidades eram muradas mas nada indica que essas estruturas fossem defensivas. As muralhas deviam servir para proteger a população de inundações. 

Mohenjo-Daro, poço no interior de uma construção e, na parte externa, canal de esgoto.

 Grande banho de Mohenjo-Daro. 

Sociedade igualitária 
   Embora algumas casas fossem maiores do que outras, as cidades harapeanas não fornecem pistas sobre diferenças sociais. Não foram encontradas construções de palácios, templos ou um centro de poder. 
   Há uma uniformidade extraordinária nos artefatos e adornos pessoais que não permitem distinguir ricos e poderosos de pobres e subalternos. 
   A sociedade harapeana parece ter sido igualitária e com baixa concentração de riqueza. 

Cenário reconstituindo o cotidiano da sociedade harapeana. 
Museu Nacional da Índia, Nova Délhi. 

Governo 
   Os registros arqueológicos não fornecem respostas imediatas sobre a existência de um centro de poder. Não existem representações de reis, sacerdotes nem exércitos. Não foram encontrados, também, grandes túmulos com funerais complexos destinados a um líder. 
   Poderia ter sido uma civilização sem governantes? 
   Por outro lado, o planejamento das cidades, o sistema de saneamento, a padronização de pesos e medidas e a rede de comércio exterior demandam decisões complexas e controle na execução dos trabalhos. Quem teria se encarregado disso? 

Figura masculina descoberta em Mohenjo-Daro, em 1927. 

Figura feminina descoberta em Harappa, em 1991. 

 Conhecimentos e tecnologia 
   A civilização harapeana foi uma das primeiras a desenvolver um sistema de pesos e medidas padronizado. Uma régua de marfim encontrada em Lothal (a mais antiga régua conhecida), está dividida em 1,7 milímetros, a menor divisão já registrada em uma escala de medida da Idade do Bronze. Os pesos de sílex tinham como unidade padrão 28 gramas. 
   Os harapeanos desenvolveram técnicas de metalurgia do cobre, bronze, chumbo e estanho. 
   O estudo realizado em nove esqueletos encontrados no sítio de Mehrgarh, no Paquistão, datados de 7500-9000 anos atrás, revelou que eles possuíam coroas molares perfuradas feitas nos indivíduos em vida. O estudo foi publicado na revista Nature, em abril de 2006. 
   As estatuetas de “bailarinas”, figuras femininas em aparente pose de dança, também surpreenderam os especialistas. Feitas de bronze, ouro ou terracota elas mostram uma modelagem de pernas e braços representando movimento que, até então, só fora conhecida no período helenístico da Grécia. 
   Miniaturas de carros puxados por bois ou búfalos, possivelmente brinquedos, revelam que a civilização harapeana pode ter sido a primeira a utilizar o transporte sobre rodas. 

Animal com rodas, brinquedo, descoberto em Mohenjo-Daro. 

“Dançarina”, bronze, descoberta em Mohenjo-Daro. 

Carro de boi, brinquedo, descoberto em Harappa. 


Possível sistema de escrita 
   Foram encontrados entre 400 até 600 sinais diferentes gravados em selos de terracota, potes de cerâmica e outros materiais. As inscrições, contudo, são sempre pequenas, em geral utilizam 4 ou 5 caracteres. A mais longa sobre uma superfície única tem 17 sinais. Foi encontrada uma inscrição em um objeto com três faces com 26 símbolos. 
   Essa característica levantou dúvidas: seria, de fato, um sistema de escrita ou seriam marcas de nomes de família, clãs, deuses ou fórmulas religiosas? 
   Além de curtas, as inscrições trazem combinações diferentes de símbolos tornando impossível obter uma interpretação. Faltam sequências mais longas e repetidas. Além disso, numerosas peças com inscrições desapareceram, perdidas ou roubadas, delas restando somente fotografias feitas nas décadas de 1920 a 1940. Essas dificuldades mantêm a escrita harapeana indecifrada. 

Selos de argila com figuras e inscrições. 


Relações comerciais 
   Em contraste com as civilizações da Mesopotâmia e do Egito, sempre em conflito com povos vizinhos, os harapeanos tinham boas relações com os povos que habitavam as colinas e montanhas ao redor do vale do Indo e de Sarasvati – locais ricos em minerais e pedras semipreciosas como cobre, sílex de excepcional qualidade, jade, lápis-lazúli e turquesa. 
   Milhares de selos (pequenas placas de argila) foram encontradas nas cidades harapeanas. Eles trazem figuras de animais e humanas além de inscrições. Serviriam de carimbos para marcar os sacos de cereais e algodão? As inscrições marcariam o nome de seu proprietário ou da família? 
   Muitas dessas placas foram encontradas na Mesopotâmia indicando a existência de um comércio entre harapeanos e sumérios, acadianos e babilônios, realizado pelo mar da Arábia em direção ao golfo Pérsico. Eram comercializados produtos agrícolas, marfim, tecidos de algodão e pedras semipreciosas. 
   Povos da Ásia Central e do planalto do Irã também estavam na rota das caravanas de mercadores harapeanos, e há evidências de contatos comerciais com Creta e o Egito. 

Jóias da civilização harapeana, ouro, cobre, ágata e lápis-lazúli. 

Comerciantes em Harappa, reconstituição artística (National Geographic). 

Declínio e desaparecimento 
   Por volta de 1800 a.C., os sinais de um declínio gradual começaram a surgir e, a partir de 1700 a.C. a maioria das cidades harapeanas foi abandonada. 
   As razões do colapso da civilização de Harappa foram muito discutidas pelos especialistas.
   Em 1953, o arqueólogo britânico Mortimer Wheeler propôs que o fim foi causado pela brutal invasão dos arianos ou árias, tribo indo-europeia da Ásia Central. Como prova, ele apontou os 37 esqueletos encontrados em Mohenjo-Daro e trechos dos Vedas referindo-se a batalhas. 
Esqueletos encontrados em Mohenjo-Daro, foto de 1922.


   Mas a teoria de Wheeler não se sustentou. Os esqueletos pertenciam a um período posterior ao abandono da cidade e as marcas em seus crânios foram causadas pela erosão e não por agressão violenta. 
   Falou-se também que a civilização de Harappa desapareceu repentinamente sem deixar rastros. No entanto, dados arqueológicos atuais indicam que muitos elementos dessa civilização podem ser encontrados em culturas posteriores. Alguns estudiosos procuram demonstrar que a religião védica foi parcialmente derivada da civilização harapeana.  
   Trabalhos recentes têm defendido a teoria de um colapso por razões naturais. Alterações climáticas, mudança das monções (que levavam água às lavouras), mudança no curso de rios (provocada por um terremoto?), erosão e esgotamento do solo são apontados como possíveis causas do abandono das cidades e migração de sua população. Esses fatores teriam levado à crescente escassez de alimentos, à proliferação de doenças e à debilidade física – conforme atestam exames em esqueletos de Harappa. 
   Se razões naturais provocaram o despovoamento em massa de uma extensa área ocupada havia mais 5 mil anos e com milhões de habitantes pergunta-se, então, que consequência terá a degradação ambiental acelerada que ocorre hoje no planeta? 

Veja documentário sobre Mohenjo-Daro, a colina dos mortos (em francês) 

Fonte 
Mohenjo-Daro! Por Jonathan Mark Kenoyer, Universidade de Wisconsin, EUA. 
Unesco – site oficial, página sobre Mohenjo-Daro 
Museu Nacional da Índia – site oficial Para ver o acervo da civilização de Harappa, acesse “Harappan Collection”. 
Museu Nacional do Paquistão Vídeo amador mostra a coleção do museu: artefatos pré-históricos recolhidos em Mehrgarh e objetos da civilização de Harappa.

In: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/a-misteriosa-civilizacao-de-harappa/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
Share |

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Que tal uma canção de ninar indiana?

Share |

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Cinema indiano: trailers e links com resenhas


Segue uma lista com sugestões dos meus filmes indianos favoritos com trailers e links para as resenhas:

Delhi 6 (2009)

Ustad Hotel (2012)

Lagaan (Era uma vez na Índia) (2001)

Rang De Basanti (Pinta de Açafrão) (2006)

PK (2014)

3Idiots (3 Idiotas) (2009)

Monsoon Wedding (Um Casamento á Indiana) (2001)

Water (Ás Margens do Rio Sagrado) (2005)

Devdas (2002)

Midnight's Children (Os Filhos da Meia Noite) 2012

My name is Khan (Meu nome é Khan) (2010)

Baabul (2006)


Om Shanti Om (2007)

Kama Sutra: A Tale of Love (Kama Sutra: Um conto de Amor) (1997)

Saawariya (Apaixonados) (2007)


Share |

domingo, 27 de novembro de 2016

Suporte


Share |

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Precisamos falar sobre Super Heróis (e sobre cultura)


"Baseado na história de vida do próprio diretor Sanjay Patel, o filme Os Heróis de Sanjay (do original Sanjay’s Super Team) mostra a relação entre um garoto, seu pai e sua cultura.
Sanjay é uma criança de ascendência indiana que, porém, tem preferências ao mundo ocidental. Os dois universos são radicalmente opostos, o que faz com que ele tenha conflitos internos sobre do que gostar ou como se sentir. Até o momento em que ele participa de um tradicional ritual com seu pai mas, entediado, acaba acessando um mundo interior onde interage com três divindades do hinduísmo: o macaco Hanuman, a Deusa Durga e o Deus Vishnu. Sanjay aprende que a solução de seus conflitos é o caminho do equilíbrio e percebe que os deuses hindus podem ser tão interessantes como qualquer outro super-herói."


Share |
Related Posts with Thumbnails