"[...] os pensadores bramânicos chegaram à conclusão de que o par percebido de opostos reflete a natureza não das coisas, mas da mente que os percebe. O pensamento percebedor deve transcender-se, se quer atingir a realidade verdadeira. A oposição é uma categoria da mente do homem, e não em si mesma um elemento da realidade. No Rig-Veda, o princípio é expresso desta forma: 'Sou os dois, a força da vida e a vida material, os dois ao mesmo tempo'. A consequência final da ideia de que o pensamento só pode perceber em contradições encontrou seguimento ainda mais drástico no pensamento vedântico, que postula ser o pensamento - com toda a sua fina distinção - 'apenas um horizonte mais sutil de ignorância, de fato o mais sutil de todos os enganadores recursos do maya'.
FROMM, Erich. A arte de amar. Belo Horizonte : Itatiaia, 1990. p.104-105)
Nenhum comentário:
Postar um comentário