Dada é nada
A vanguarda artística sobre Arte, Antiarte, Niilismo e Nonsense...
“O nome Dada também é casual, escolhido abrindo-se um dicionário ao acaso. As manifestações do grupo dadaísta são deliberadamente desordenadas, desconcertantes, escandalosas; a práxis é semelhante à do Futurismo e das vanguardas em geral, mas no caso do Dadaísmo trata-se de uma vanguarda negativa, por não pretender instaurar uma nova relação e sim demonstrar a impossibilidade e a indesiderabilidade de qualquer relação entre arte e sociedade.” (ARGAN, 1992, p. 355-356)
“Dadá não significou um movimento artístico no sentido tradicional: foi uma tempestade que desabou sobre a arte daquela época como uma guerra se abate sobre os povos. Esta tempestade descarregou sem aviso prévio, numa atmosfera abafada de saciedade... e deixou atrás de si um dia novo, no qual as energias que se concentravam no Dadá e dele emanavam se documentavam em formas novas, materiais novos, idéias novas, direções novas, pessoas novas, assim como se dirigiam a pessoas novas. (RICHTER, pág. 3)
Man Ray. O violino d’Ingres. (1924)
“ São os anos da Primeira Guerra Mundial, cuja mera conflagração pôs em crise toda a cultura internacional. Pôs em crise, ao lado dos demais valores, a própria arte; esta deixa de ser um modo de produzir valor, repudia qualquer lógica, é nonsense, faz-se (se e quando se faz) segundo as leis do acaso. Já não é uma operação técnica e lingüística; ela pode se valer de qualquer instrumento, retirar seus materiais seja de onde for. De fato não produz valor. Ela documenta um processo mental, considerado estético por ser gratuito. É nonsense no nonsense, mas positivo porque o comportamento do mundo, que pretende ser lógico e é insensato, é um nonsense negativo e letal. Todavia, o nonsense, o acaso também podem ter uma coerência e um rigor próprios. Desfinalizada e desvalorizada, a arte já não é senão um sinal de existência; significativo, porém quando tudo em redor é morte.” (ARGAN, 1992, p. 353)
Marcel Duchamp. Fonte (1917)
“[...]o Dadaísmo propõe uma ação perturbadora, com o fito de colocar o sistema em crise, voltando contra a sociedade seus próprios procedimentos ou utilizando de maneira absurda as coisas a que ela atribuía valor.[...]” (ARGAN, 1992, p. 356)
Fonte:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
RICHTER, Hans Georg. Dada: arte e antiarte. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Nenhum comentário:
Postar um comentário