"(...) O Ramayana, é uma odisséia indiana, com especial significado em razão da grande área geográfica que abarca. O príncipe Rama, o protagonista, deixa seu lar, em Ayodhya, uma pequena cidade nas planícies setentrionais, bem perto da moderna Faizabad. Percorre 320 quilômetros, até Mithila, onde hoje é a fronteira da Índia com o Nepal. Conhecida por Floresta de Mel por sua opulência, Mithila é também celebrada pelas mulheres, que até hoje se dedicam à produção de coloridos murais e tapeçarias. Em Mithila, Rama conhece a bela Sita e a leva consigo para sua terra, para se casarem.
Exilado da própria terra por uma cabala montada por sua madrasta, Rama inicia uma jornada de 14 anos, acompanhado por Sita e por seu irmão. No caminho, abrigam-se em ashrams, eremitérios construídos para sadus intinerantes. Em Pancavati, no extremo nordeste da cordilheira Vindhya, no centro da Índia, uma mulher possuída pelo demônio sente-se atraída por Rama e ataca Sita.
Quando o irmão de Rama decepa as orelhas e o nariz da mulher demoníaca, os irmãos dela atacam em retaliação, apoiados por vários demônios. O vingativo Ravana, o mais feroz deles, com suas dez cabeças, disfarça-se de asceta intinerante e rapta Sita.
Ao tentar descobrir o rastro de Sita, Rama conquista a lealdade de Sugriva, rei-macaco de Kishkindhya, que era tanto o nome de uma povoação do centro da Índia, próxima de Pancavati, como de outra que ficava no sudeste, nas margens do rio Penner. O comandante militar de Sugriva, o símio Hanuman, filho do vento, junta-se à busca por Sita e encontra-a num local longínquo chamado Lanka, do outro lado do mar. Hanuman pode voar até lá, mas é preciso construir uma ponte para que Rama chegue com o exército de macacos que o acompanha. Rama resgata Sita e regressa a Ayodhya, dando início ao Ram Rajya, uma era de paz e harmonia que é considerada a idade de ouro da Índia.
Hindus de todo o mundo evocam a história de busca e salvamento de Sita por Rama em festas anuais, em encenações que usam freqüentemente máscaras de grande colorido e bonecos de tamanho gigante. No festival de Dusserah, que se realiza no início do outono e dura dez dias, o ponto mais alto das representações é a queima de uma efígie de Ravana. O Diwali, a festa das luzes que é o clímax do Dusserah, comemora o regresso de Rama a Ayodhya e o triunfo de Krishna sobre um demônio das trevas. Por toda a Índia, as casas são cuidadosamente limpas e decoradas com luzes, na convicção de que Lakshmi, a deusa da riqueza e da prosperidade, abençoará as que estiverem mais asseadas e iluminadas. Os fiéis levantam-se às primeiras horas do dia e acendem velas dispostas por toda a casa, formando figuras simbólicas de bom auspício. Nesta data, a última noite do ano hindu, há grande queima de fogos de artifício, visitam-se amigos e familiares e todos compartilham guloseimas.
É tentador interpretar o destino de Rama como a ilha do Sri Lanka, que tem uma cadeia de vales e uma antiga ponte sobre o estreito de Palk a ligá-la ao continente. Uma viagem até lá implicaria a travessia de toda a Índia. Mais comedidos, alguns estudiosos acreditam que o destino mitológico foi a cidade de Lanka, no centro do país. De qualquer maneira, o épico Ramayana conjuga mito, geografia, deuses e heróis numa narrativa intrigante. A forma final do texto já estava consolidada na época da ascenção da Dinastia Gupta, que promoveu uma nova unificação da Índia entre os séculos 4 e 7.(...)"
HITCHCOOK, Susan Tyler. História das religiões: onde vive Deus e caminham os peregrinos. São Paulo: Editora Abril, 2005. pág. 106 e 1009
Fonte da Imagem sobre Ramayana
Um comentário:
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