"Na segunda metade da década de 60, o Ocidente adotou a Índia como seu mais novo balneário espiritual. Os Beatles se lançaram aos pés do Maharishi Mahesh Yogi e hordas de jovens americanos, ingleses, franceses e de outros países ocidentais seguiram o exemplo de seus ídolos, invadindo a Índia em busca da libertação do tédio e do desespero de um mundo cada vez mais materialista. Lá encontraram muitos gurus disponíveis e dispostos a lhes oferecer o nirvana mediante modesta contribuição pecuniária a seus retiros espirituais. Este livro hilariante e ao mesmo tempo deprimente apresenta flashes dessa invasão, revelando a profunda incompreensão do Oriente pelos ocidentais que lá buscam a salvação da alma. Ao mesmo tempo, expõe o alto preço pago por quem confundiu o profundo com o banal em suas tentativas de levitar acima da realidade.
São cenas patéticas, como a do jovem casal francês que deposita o filho morto embrulhado em trapos na mesa do cônsul da França. São cenas cômicas, como o sikh, que, durante uma conversa sobre o grito primal como meio de entrar em contato com o corpo, joga-se sobre uma ninfeta australiana sem nenhuma "preliminar filosófica". São quase sempre as mesmas histórias que apresentam, de um lado, pessoas desnorteadas, desestruturadas, entregando-se a drogas cada vez mais pesadas e à busca supostamente tântrica da divindade através do sexo e da violência, e, de outro, os gurus da hora, como aquele que diz que como seus seguidores não têm tempo, dá-lhes a salvação instantânea. Outro, depois de provar a existência de Deus simplesmente salientando que a palavra "Deus" consta no dicionário, abençoa seus fiéis de helicóptero, tão grande é a multidão que o aguarda. Um terceiro precisa de seguranças para eviotar que as seguidoras lhe invadam a cama. Outro ainda declara sem pudor: "Religião não é para pobres". Enquanto isso, o bem sucedido Maharishi faz seus adeptos levitarem na Suíça e, depois de apresentar sua proposta de Governo Mundial, prepara uma Conferência Mundial sobre Química, Física e Meditação Transcendental.
É a globalização do mercado místico, retratada com mordacidade por Gita Mehta." *
7 comentários:
Capas bem criativas!
so interesting
Olá! Gostamos muio de conhecer o teu blog. Sem dúvida que vamos acompanhar.
Bjs
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade
Um lindo domingo e uma semana de paz e sucesso em tudo que fizer.
Um abraço
Sônia
Adorei o título do livro!
Oi flor!
Nossa, que legal que também é novinha e também é Historiadora! Isso corrobora com a minha teoria de que não somos tão alienados quanto julgam!
A sua pesquisa sempre foi sobre a Índia? Deve ser maravilhoso o seu trabalho!
Estou lendo suas postagens antigas, pra conhecer melhor o assunto!
Beijo!
Obrigada a todos pelos comentários!!!
Brú, bom saber que tenho uma colega historiadora blogueira...
=D
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