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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Índia - O País e o Povo

   "O subcontinente indiano compreende os atuais territórios políticos da Índia, do Paquistão, do Ceilão e do Nepal. É limitado ao norte, nordeste e noroeste pelo Himalaia, o Hinduskush e outras grandes cadeias montanhosas. Aquém da barreira de montanhas, o subcontinente se divide em duas grandes regiões: o platô do Dekkan, que é formado com as mais antigas rochas conhecidas na superfície do mundo, e as planícies aluviônicas do Indo e do Ganges. Grande parte da Índia está situada sob os trópicos, mas, em virtude da barreira montanhosa que protege as planícies baixas do Norte, a temperatura, no verão, é elevada em toda parte, no conjunto. As precipitações pluviais e a umidade variam sobremodo de região para região. Na península indiana, o clima geralmente é igual e os contrastes entre inverno e verão, noite e dia são menos acentuados.
   As principais línguas da Índia podem ser repartidas em dois grupos: o do Norte, falado pelos povos de raça ariana (ramo indo-ariano da família indo-européia) e o do Sul, que constitui o grupo linguístico dravídico, que não se liga, entretanto, a nenhum outro grupo. A língua indo-ariana mais antiga que deixou vestígios é a do Rigveda (por volta de 1500 - 1000 a.C.). Dessa língua deriva o sânscrito clássico, assim como os dialetos do médio indiano, do qual surgiram as línguas indianas modernas. As primeiras obras literárias em língua dravídica (tamul) datam aproximadamente, do começo da nossa era. É curioso observar que na Índia existem mais de 200 línguas.
   A posição geográfica da Índia, península vulnerável, explica as sucessivas invasões que marcaram a sua história. Mas os diferentes grupos colonizadores que, vindos do noroeste, se estabeleceram no território, foram absorvidos pela população indiana.
   Pátria de uma grande civilização, talvez das maiores do mundo, extraordináriamente rica por um passado espiritual multi-milenar, a Índia deve ao seu pensamento religioso e metafísico a fama universal que goza. Os hinos do Rigveda, que constituem a mais antiga expressão desse pensamento, deram origem a volumosa literatura de exegese que descreve minuciosamente os ritos e os sacrifícios bramânicos. Posteriores aos Vedas, os Upanixades, contém ensinamentos místicos e esotéricos. Os séculos VII e VI a.C. viram nascer pensadores e mestres eminentes, e, entre eles, os fundadores do budismo e do jainismo. O budismo espalhou-se rapidamente através da Índia, penetrando também na China, no sudeste asiático e no Tibete. O desenvolvimento das seitas hinduístas no curso dos primeiros séculos da nossa era (notadamente o xivaísmo ou culto de Xiva e vixenuísmo ou culto de Vixenu) indica, provavelmente, uma reação dos brâmanes diante do sucesso do budismo.
   A par dos cultos autóctones e dravídicos que ainda hoje estão representados em alguns distritos, a Índia antiga tinha a religião nacional, chamada vedismo, nome tirado dos Vedas, livros sagrados: era uma crença naturista que tinha como divindades: Dios, Aditi, Agni, Soma, Indra, Varuna etc. Ao vedismo sucedeu o bramanismo, evolução filosófica e ritualista da precedente, que instituiu o regime das castas e deu à religião forma nitidamente panteísta. Finalmente, nova evolução deu como consequência o politeísmo panteísta chamado hinduísmo, que constitui, hodiernamente, a religião da grande massa dos 500 milhões de habitantes que povoam a Índia. Conta, ainda, com religiões estrangeiras, como o jainismo, que não possui mais de um milhão de adeptos; o budismo, doutrina filosófica que depois de ter dominado na Índia do século II a.C. ao V d.C., não tem mais fiéis a não ser os habitantes do Ceilão; o parsismo, chamado também zoroastrismo ou masdeísmo, levando para lá pelos persas e cujo centro é Bombaim; o islamismo, que conta cerca de 60 milhões de adeptos e o cristianismo, praticado pelos europeus que lá residem e por uma insignificante minoria de naturais, das classes mais baixas, como os párias."

(SPALDING, Tassilo Orpheu. Dicionário das mitologias européias e orientais. São Paulo: Cultrix, 1973. Pág. 167-168)
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Um comentário:

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

Aprender é uma forma do saber.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 23/09/2010

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