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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

.: Música do Mundo :.

Uma janela para todas as culturas do planeta...


Se você é como eu e não lê os best sellers, não vai pro cinema ver os mais novos filmes  de vampiro famosíssimos, não usa a mesma roupinha uniforme que todo mundo e não curte o barulho que algumas pessoas abomináveis ousam chamar música você precisa conhecer o projeto do Ricardo Barão.

Eu não sei dizer desde quando escuto só sei que sou viciada a alguns bons anos... Começei ouvindo aos domingos a tardinha na Ipanema. Depois de um tempo fora do ar, este ano o programa está na FM Cultura de Porto Alegre. (Dá pra acreditar que a uns 6 ou 7 anos atrás na pré-história eu gravava o programa em fitas K7 pra poder ouvir durante a semana. E eu ainda tenho as fitas guardadas aqui comigo, porque me apeguei sentimentalmente... hihihihi)


Falando nisso, alguém ainda se lembra das malditas fitas K7 que algumas vezes enrolavam e se destruíam?

Música do Mundo tem música indiana, árabe, flamenco, fado, música judaica, paquistanesa, egípcia, música celta, tango, africana, irlandesa, tailandesa... Tem Gotan Project, Manu Chao, Ojos de Brujo, Loreena McKennitt, Paco de Lucia, Yoshida Brothers, Sevara Nazarkhan, Rachid Taha e muito muito mais. (Pra listar tudo o que tem de bom por lá esse post ficaria maior que uma volta ao mundo.)



Quem quiser baixar em mp3 os blocos do programa pela rádio é só clicar aqui.

Agora quem quiser ouvir a Rádio Web Música do Mundo, no ar 24 horas é só clicar em Música do Mundo e abrir o link da rádio web no canto superior direito da página.

(Eu gosto de ouvir a rádio web porque é como no seu play list, você pode repetir a música, pode voltar para as anteriores, ou se por acaso você não gostar, é só passar para o próximo som e curtir...)


=)
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Orgia gastronômica amarelo-manga




 Toda folha tem a sua história...*



“Vou falar com o seu pai hoje. Vamos mandar fazer o seu horóscopo. Está na hora de passar hena na sua mão, antes que você suje a sua fama a ponto de ninguém mais querer casar com você.” (SURI, Manil. A morte de Vishnu. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pág. 74)



“Enquanto isso, a sra. Asrani começou a cultivar o projeto de casar Kavita com o empenho de alguém que acabara de descobrir o verdadeiro objetivo da vida. Chamou o astrólogo da família e mandou fazer o mapa de Kavita (“três filhos, todos homens” prometeu o astrólogo, contanto que fizesse tudo direitinho, mas “cinco meninas, escuras como carvão” se não tomasse cuidado com Marte). Voaram cartas para parentes de toda parte (o mapa astral chegou por via aérea até o Canadá e Cingapura), vasculhando a terra em busca do par perfeito. Um anúncio foi redigido para a edição de domingo do The Times of Índia, mas acabou temporariamente engavetado depois de o astrólogo ter declarado que os doze domingos seguintes não eram auspiciosos.” (SURI, Manil. A morte de Vishnu. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pág. 75)


SURI, Manil. A morte de Vishnu. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

* * * 


  Os casamentos arranjados, o preconceito racial e com as meninas na Índia são apenas  alguns dos aspectos abordados neste interessante livro de Manil Suri. O enredo se passa em Mumbai, mais precisamente no prédio onde vivem  famílias hindus e muçulmanas, além do vizinho ateu que tenta fazer a mulher refletir sobre religião e filosofia.


Várias histórias se entrelaçam, briga entre vizinhas, histórias de amor, jovens casais planejando fugas em meio as memórias de Vishnu o morador do patamar do prédio. Vishnu que come os restos de refeições que uma das avarentas moradoras lhe dá quando estão estragadas. Vishnu que foi o chofer e pegou o caro para levar uma prostituta para um passeio por Marine Drive. Vishnu que está doente no patamar do prédio e que ninguém socorre. Vishnu que é o cúmplice do jovem casal em fuga. Vishnu e a dupata de Kavita. E a dupata de Kavita que foi parar em mãos erradas.


Vishnu que amou Padmini devorando-a com manga madura. Trecho aliás, que não reproduzirei aqui para não perder o encanto. Uma verdadeira orgia gastronômica amarelo-manga...


* * *






“Em algum ponto do escuro há uma porção de aromas. Flutuam, fora de alcance. Pairam perfumes na periferia da sua percepção, recuando quando ele passa. Vai seguindo um enigma aromático, cominho ou açafrão, talvez, que voa no ar e escapa sem ser capturado. Há flores ali, e frutas também, e o cheiro de lama, de óleo e de chuva.

Quando os deuses descerem, Vishnu sabe, é por seus perfumes que serão reconhecidos. Ganesha terá o cheiro das frutas que ama, Varuna terá cheiro de mar. A brisa do rio anunciará a chegada de Saraswati, Indra trará a chuva. Krishna terá cheiro de tudo o que é doce, de leite, gur e tulsi. De sândalo e flores de kevda, de açafrão, de ghee, de mel.

E Lakshmi. Os lótus florirão sob seus pés, perfumando cada passo com sua fragrância. As mangas ficarão da cor do sol, enchendo o mundo com sua madurez. As plantas de tulsi oscilarão ao vento, sussurando seus segredos no ar. A terra se estenderá, rica e fragrante, esperando seu toque em sua pele.” (SURI, Manil. A morte de Vishnu. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pág. 131)
 * trecho da página 140.


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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Khajuraho

* Tirem as crianças do blog... =D




No atual estado de Madhya Pradesh, entre os séculos IX e XI foi erguida a capital dos Chandela, uma dinastia rajpout. Os Chandelas foram uma das várias linhas de governantes que dominaram a Índia central. De seu reino restam apenas ruínas  de edifícios religiosos no remoto local de Khajuraho.

"Os templos demonstram uma clara e coerente evolução que marca o apogeu do estilo indiano central. As principais características são as elevadas torres que se desenvolveram a partir de espirais únicas em complexas disposições aglomeradas com múltiplos elementos reunidos ao redor de uma massa central. Esta ênfase substancial nas superestruturas reflete a função simbólica do templo como uma evocação de Meru, a montanha cósmica." (JOHNSON, Gordon, Cultural atlas of India. Barcelona: Fólio, 2008. pág. 78)

   "Os templos de Khajuraho são uma obra da dinastia Chandela, que conheceu seu apogeu entre 950 e 1050. Deles, restam apenas vinte e dois, que se dividem em três grupos distintos, e pertencem a duas religiões diferentes, o bramanismo e o jainismo. Eles representam uma síntese exemplar da arquitetura e da escultura. O templo de Kandariya, por exemplo, é decorado com uma profusão de esculturas qu e estão entre as maiores obras de arte indiana." (CARRIÈRE, Jean Claude. Índia: um olhar amoroso. São Paulo: Ediouro, 2009. pág.226)

 Mas o que atrai a grande maioria dos turistas para Khajuraho são as esculturas eróticas dos templos.
"Com mais de dez séculos, durante muito tempo escondidadas sob a vegetação (de tal modo que não foram descobertas pelos primeiros invasores europeus, nos séculos XVIII e XIX), as esculturas conservam um frescor, uma tranquila insolência, uma evidência sensual, desprovida de qualquer sentimento de pecado, que escandalizam ou encantam. [...]  Os guias afirmam, com frequência que os intercursos sexuais aqui representados são "acrobáticos", o que dá uma idéia bastante pobre da sofisticação dos redatores. Essas "acrobacias" inspiram-se quase sempre nas atitudes descritas no célebre Kamasutra, minucioso tratado que precedeu as esculturas em dois ou três séculos." (CARRIÈRE, Jean Claude. Índia: um olhar amoroso. São Paulo: Ediouro, 2009. pág.226)



Templos de Khajuraho
Khajuraho, Estado de Madhya Pradesh, India.
Costuma fazer parte dos circuitos Delhi - Agra - Khajuraho - Varanasi
 
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Tamatar Shorba

Esta sopa do norte da Índia, preparada com tomates e um conjunto de especiarias é uma receita aromática que pode ser feita tanto no inverno quanto no verão.



2 colheres (sopa) de óleo de amendoim
9 grãos de pimenta-do-reino
2 folhas de louro
1 canela em pau
2 dentes de alho picados
1 cebola picada
600g de tomate picado
2,5 cm de gengibre ralado
2 colheres (chá) de açúcar
1/2 colher (chá) de sal
uma pitada de pimenta em pó (opcional)
uma pitada de pimenta-do-reino moída na hora


1. Ferva 825 ml de água. Aqueça o óleo numa panela grande em temperatura média. Adicione a pimenta-do-reino, as folhas de louro e a canela em pau e frite, mexendo, por 30 segundos, ou até que sinta o aroma das especiarias. Preste atenção para não queimar.


2. Adicione o alho e a cebola e continue mexendo por 6-8 minutos, até que a cebola esteja dourada. Acrescente os tomates e frite por mais 4-6 minutos até ficarem macios.


3. Despeje na água fervente, mexa e leve de volta ao fogo. Diminua o fogo e deixe cozinhar sem a tampa por 5 minutos, mexendo de vez em quando.


4. Junte o gengibre, o açúcar, o sal e a pimenta e cozinhe por mais 5 minutos. Retire o pau de canela.


5. Bata a sopa no liquidificador e coe em um pano. Coloque numa panela limpa. Aqueça novamente e sirva quente, regado com o óleo de amendoím e salpicado de pimenta-do-reino.


Rendimento: 4 porções Preparo: 10 minutos Cozimento: 25 minutos


MALHI, Manju. Culinária indiana: receitas especiais fáceis de fazer. São Paulo: Publifolha, 2009.

Você encontra esta receita na página 47.


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sábado, 26 de dezembro de 2009

A arte helenizante de Gandhara



 "A arte de Gandhara representa um momento fecundo de encontro entre a estética helênica e a indiana." (ALBANESE, Marilia. Índia Antiga. Barcelona: Folio, 2006. pág.107)


 

A Arte pode dizer muito sobre a História Cultural da humanidade. A produção de artistas de milhares de anos atrás serve de fonte de pesquisa para os Historiadores na atualidade pela possibilidade de expressão de padrões artísticos, estilos, influências...




Se você gosta de admirar arte poderá se impressionar com as imagens de Gandhara. As famosas representações de Buddha desta região do Noroeste do Subcontinente Indiano, que estão localizadas atualmente no território do Pakistão e Afeganistão. Região que interligava Oriente e Ocidente na Rota da Seda (Silk Route) e que fez parte, entre outros, da expansão de Alexandre, o Grande.

 

 

Você não precisa viajar até o Paquistão para conhecê-las. A grande maioria das obras não estão em seus locais de origem. Elas estão em museus, galerias ou fazem parte de coleções particulares na Índia, na América do Norte e sobretudo na Europa. 
O Velho Continente abriga inúmeras coleções de arte asiáticas. A imagem abaixo, por exemplo, é um exemplar de arte de Gandhara e faz parte do acervo do Museu Guimet em Paris. Este Museu Nacional de Arte Asiática tem um acervo riquíssimo em livros, fotografias e objetos de arte da Índia, China, Japão, Camboja, Paquistão, Nepal, Afeganistão, entre outros.


Se você analisar as imagens de Gandhara verá na postura e nas pregas das túnicas o estilo greco-romano, ao passo que no formato dos olhos e lábios, um estilo tipicamente indiano.





 As imagens de Gandhara "foram feitas nos primeiros séculos da era cristã, quando começaram a aparecer as primeiras imagens do Buda. A arte sagrada tende a ser fixa e conservadora em suas formas, com pouco espaço para as mudanças, mas a ascensão do budismo proporcionou a oportunidade do florescimento de novos estilos de arte.
Os escultores gandharanos sentiram-se amplamente influenciados por seus contatos com a cultura greco-romana, e sua arte é uma impressionante fusão de estilos clássicos ocidentais e indianos." (JOHNSON, Gordon, Cultural atlas of India. Barcelona: Fólio, 2008. pág. 66)


Mais imagens de Gandhara você encontra, entre outros, no Museu Guimet em Paris, no Vitória and Albert Museum em Londres, no Ashmolean Museum  de Oxford e também no Museu Nacional de Delhi.
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Numerologia do meu nome


Ainda sem saber se acredito ou não em numerologia, previsões ou horóscopo, vou postar o mapa que o Guilherme fez sobre o meu nome completo.



Numerologia do meu nome especialmente por Guilherme Guaraná*




  1. Idealidade  = Ideação = desejos da alma = o que seu interior pede = 7
    Características positivas do 7:
    Sensatez, estudo, meditação, análize, filosofia, profundidade, espiritualidade, intelectualidade, refinamento, pesquisa, bom domínio, pensativo, tendencia a absorver conhecimento de diversas fontes, inclinações metafísicas mais que religiosas, sensibilidade as forças psiquicas, introspectivo no sentido de ficar só para pensar, especialização científica, intuitivo, cerca-se de mistérios no agir e no viver. Aristocracia, não se vinga quando é injustiçado, não gosta de rotinas principalmente no trabalho, possui um escudo invisível contra a curiosidade alheia, prefere trabalhar só que em grupo.
    Características negativas do 7:
    Melancolia, infidelidade, sarcasmo, cinismo, muita crítica e auto crítica, religiosidade fanática, tendência a depressão, falta de fé, tendencia a solidão, medo do futuro, malícia, frieza, extremamente reservado, nervoso, muito esacapista, propenso a usar drogas e álcool, apreensivo, discute a toa, timidez ao falar em público, muito racional, muito vago, arredio, precisa se sentir a vontade para se comunicar socialmente.
    Sua alma pede interiorização, pede espiritualidade, profundidade e pesquisa científica
    Cuidado com a tendência a melancolia e com o excesso de seletividade.
2) Impressão = apresentação = máscaras = como você é visto = 6
    Em meio ao caos dos tempos atuais, principalmente na selva de pedra em que vivemos, as máscaras que utilizamos são de vital importância, porém devemos nos olhar no espelho de rosto nú, para não confundir essência com apresentação.
    Como disse acima essa é  uma máscara e como tal deve sim ser utilizada de forma conveniente.
    Nunca devemos colar nossas máscaras no rosto.
    Características positivas do 6:
    Harmonia, solicitude, conciliação, responsabilidade social e familiar, equilibrado, firme, integro, fiel, criativo, caseiro, confiável, provedor, grande amigo, gosta de estabilidade familiar, compaixão, serviço comunitário.
    Características Negativas do 6:
    Ciúme, cobrança, possessividade, rancor, intromissão, ansiedade, indecisão, preocupação exagerada com os familiares, solidário com quem não merece, autoridade desmedida, desconfiança, tendencia a dominar.
    Você é vista como alguém caseira, família e harmônica.
  1. Síntese = personalidade como um todo = número da profissão = 4  vindo de13
    Características positivas do 4:
    Trabalho, confiabilidade, organização, honesto, leal, SOLIDEZ e CONCRETUDE, paciência, construtor,prático, sincero, Terra, auto-disciplina.
    Caractristicas negativas do 4:
    Preconceito, repressão, retardamento, ignorância, violência, rudeza, limitação, cansaço, teimoso, preguiça, inflexível, inveja, medo do novo, excesso de cautela, mal educado, temperamental, chato, careta de mais, quadradão.
    Características positivas do 13:
    Renovação, transmutação, transformação, renascimento, trabalho compensador.
      Características negativas do 13:
      Imobilidade, medo da morte, morbidez, rigidez, ruptura, estagnação, repetição de padrão, girando em um mesmo círculo dentro do aspiral com ascenções e declínios consecutivos mantendo-o imóvel.
      O 13 na síntese nos remete a uma pessoa que precisa de um esforço interno e externo além da média para modificar seus padrões de comportamento.
      Tem a tendência a repetir comportamento, mesmo quando ele o faz sofrer.
      Se acomoda no incomodo até  que o incomodo excede e aí sim, busca profundamente os recursos internos para transmutar sua situação, que por hora parece algo ruim, mas que de forma atemporal, vem para tirar do lugar e principiar um movimento de re-significação geral da vida, podendo sair dessa cituação com uma outra experiência de vida e evolução
      Para a pessoa com 13 na casa da ideação sair da inércia, a primeira atitude é a de perder o hábito de se colocar internamente na posição de vítima. Conseqüência dessa postura:
    1. Vítima envolve culpa e culpa algo é escravisante ao pretérito
    2. Essa “culpa” é sempre do outro. Aí que não tem-se nada a fazer mesmo
      Sendo assim, é melhor ver a questão como responsabilidade.
      A responsabilidade que você tem quando comete erros, é a mesma que responsabilidade que você tem de transforma-lo em acerto através da devida correção.
      –  Precisa desenvolver a constância, ao invés de entrar e sair de muitas coisas, procurar entrar em menos atividades e ir até o fim delas.

      As lições karmicas nos mostra nossas tendencias positivas e negativas, principalmente as negativas. Logo, conhecer essas tendencias é o primeiro passo para quem procura se melhorar.
      Os excessos, mostra que já vivemos a situação do número várias vezes em vidas pregressas. E, vivenciamos várias vezes porque não aprendemos a lição.
      As faltas de lições kármicas de um número, significa que vivenciamos pouco ou não vivenciamos a lição do número em questão. É importante ressaltar que quando nós não temos experiencia com um número, nossa individualidade ou espírito, se preferir, vai nos empurrar a vivencia-la.
    Excesso de 5 e 1
      O excesso de 5 nos indica que você tem a tendência de buscar a liberdade acima de tudo, podendo até se atrapalhar por uma falta de estabilidade.
      O excesso de 1 nos mostra que a pessoa pode ser muito teimosa e não gosta de ser contrariada, ou ser egoísta ou agressivo demais.
    Falta de 3 e 4
      A falta de 3 nos mostra uma falta de criatividade. Pode também indicar que pode ser ciumenta ou sentir uma falta de alegria de viver.
      Como disse acima, sua individualidade empurrará voce essas características. Você pode ou não já estar vivenciando.
    A falta de 4 nos indica uma falta de estabilidade financeira ou até mesmo emocional. Pode nos mostrar também uma falta de segurança ou de confiança em sí próprio, segurança essa que terá de desenvolver ao longo da vida.  


    Obs.: Parabéns pelo belíssimo nome!


    *Guilherme Guaraná, Terapeuta Holístico.
    Hipnose Ericksoniana, Regressão de Memória, Programação Neurolingüística, Parapsicologia, Numerologia, Foto Kirlian, Florais de Bach, Reiki, Terapia Cristalina, Massoterapia, Quiroprática.

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    sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

    Pequenina

    Era verde no vestido roxo com verde...

    e fez cócegas na minha perna.
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    quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

    The God of Small Things - O Deus das Pequenas Coisas


     Era uma época em que o impensável virava pensável e o impossível realmente acontecia. (pág. 41)


    Se soubesse que estava para entrar num túnel cuja única saída era a sua aniquilação, será que teria ido embora?
    Talvez.
    Talvez não.
    Quem pode dizer?
    (pág. 331)



    ROY, Arundhati. O Deus das pequenas coisas. São Paulo: Companhia das Letras, 1998



    Este foi um livro encantador de ler... Diferente de qualquer outro que eu já li. Cheio de descrições, vento pelo arrozal, cheiro docenjoativo em meio a uma delicada trama passada em Cochin, Kerala. Essa é a terra da família dona da Paraíso, Picles & Polpas no sul da Índia.

    Fica a dica de uma leitura encantadora deste grande livro sobre as pequenas coisas...

    * * *

    Talvez seja verdade que as coisas podem mudar em um dia. Que apenas doze horas podem alterar a trajetória de uma vida inteira. E que, quando isso acontece, essas poucas horas, como os destroços saqueados de uma casa incendiada, o relógio calcinado, a fotografia rasgada de um momento feliz, a mobília enegrecida, podem ser ressuscitados das ruínas e examinados. Preservados. Explicados.
    Pequenos acontecimentos, coisas triviais, esmigalhados, reconstituídos. Revestidos de novos significados – de repente elas se tornam descarnados de uma história... Mesmo assim, dizer que tudo começou quando Sophie Mol chegou a Ayemenem é apenas uma das maneiras possíveis de ver as coisas...
    Também seria viável afirmar que tudo começou há milhares de anos. Muito antes de virem os marxistas. Antes de os britânicos tomarem Malabar, antes da Ascendência Holandesa, antes da chegada de Vasco da Gama, antes da conquista de Calicut pelos zamorin. Antes de os três bispos sírios vestidos de púrpura serem assassinados pelos portugueses e encontrados boiando no mar, com serpentes marítimas enroladas em seus peitos e ostras enredadas em suas barbas emaranhadas. Pode-se argumentar que tudo começou antes de o cristianismo chegasse num navio e se difundisse em Kerala como o chá de um saquinho de bule.
                Que tudo começou quando as Leis do Amor foram promulgadas. As leis que determinam quem deve ser amado, e como.
                E quanto.                                                                                                                 (pág. 42- 43)

    * * *

       Depois, nas treze noites que se seguiram, eles instintivamente se prenderam às Pequenas Coisas. As Grandes Coisas jaziam para sempre do lado de dentro. Sabiam que não tinham para onde ir. Não tinham nada. Nenhum futuro. Então prenderam-se às pequenas coisas.
       Riam das picadas de formigas nos traseiros do outro. De lagartas desajeitadas escorregando das beiradas das folhas, de besouros virados de barriga para cima que não conseguiam se endireitar. De dois peixinhos que sempre perseguiam Velutha no rio e o mordiam. De um louva-a-deus particularmente devoto. De uma aranha minúscula que vivia numa rachadura da parede da varanda dos fundos da Casa da História e que se camuflava cobrindo o corpo com pedacinhos de lixo: um resto de asa de vespa. Parte de uma teia. Poeira. A parte apodrecida de uma folha. O tórax vazio de uma abelha morta. Chappu Thamburan, Velutha a chamou. Lorde Lixo. Uma noite, deram uma contribuição ao guarda-roupa da aranha: um floco de casca de alho. E ficaram profundamente ofendidos quando ela recusou a oferta junto com o resto da armadura de onde emergiu, mal-humorada, nua, cor de ranho. Como se deplorasse o gosto deles para roupas. Durante dias a aranha ficou neste estado suicida de nudez desdenhosa. A concha de lixo descartada continuava de pé, como uma visão de mundo fora de moda. Uma filosofia antiquada. Depois riu. Chappu Thamburan adquiriu um conjunto novo.
    (p.336)
       Sem admitir para si mesmos, nem um para o outro, os dois ligaram seus destinos, seus futuros (seu Amor, sua Loucura, sua Esperança, sua Infinita Ventura) ao da aranha. Eles iam vê-la toda noite (com pânico crescente à medida que o tempo passava) para ver se havia sobrevivido ao dia. Preocupavam-se com sua fragilidade. Com sua pequenez. Com a adequação de sua camuflagem. Com seu orgulho aparentemente autodestrutivo. Passaram a amar seu gosto eclético. Sua desajeitada dignidade.
    Eles a escolheram porque sabiam que tinham de depositar sua fé na fragilidade. Limitar-se à Pequenez. Cada vez que se despediam, só pediam uma pequena promessa do outro.
    “Amanhã?”
    “Amanhã.”
    Sabiam que as coisas iam mudar um dia. E tinham razão.
    (...)
    Ela tinha uma rosa seca nos cabelos.
    Ela se virou para dizer mais uma vez: Naaley”.
    Amanhã.
    (pág. 337)
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    quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

    Um pouco da Casa de Campo

    O sol se põe e reflete no lago. Eu tenho esta vista da janela do meu quarto...


    Um pedaçinho do meu quarto...
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    quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

    10 motivos para ser um historiador

     Historiadores, que tal um pouco de graça sobre a nossa profissão?



    *Esse texto super bem humorado está publicado originalmente neste link:
    http://dogseverywhere.wordpress.com/2007/02/12/10-motivos-para-ser-um-historiador/


    1 – A Faculdade
    Não é por mera curiosidade ou distração que quarenta e cinco pessoas ingressam anualmente no curso de História da UFPa. “Vencer na vida”, “entrar para o mercado”, “conquistar espaços” também nem lhes passa pela cabeça. Quase sempre terminam o curso na corda bamba entre a academia e a sala de aula. Nunca sabem exatamente se estão estudando o presente ou o passado. A maioria relata já ter ouvido vozes. A maioria confessa que entre estudar muitas horas seguidas e não estudar nada dá no mesmo. Alguns não conseguem manusear um lápis 2B. De cada dez alunos, pelo menos um já admite ter reprovado em testes psicotécnicos. De cada cinco alunos, três, quando fecham o olho, enxergam a famosa insígnia de Che Guevara. As monografias são individuais. E perigosas, pois fazem chama verde.
    2 – O Papel Social
    O Historiador passa sua formação inteira se convencendo de que ele TEM que fazer alguma coisa pela humanidade. Daí são horas ao se imaginar conduzindo multidões rumo à luta de classes. Alguns são mais resumidos e apenas trocam o sapato de couro pelo sintético. Como se já não fosse suficiente, o Historiador deseja pagar as faturas do carnê bancário. Então, ele TEM mesmo é que trabalhar.
    3 – O Trabalho (1)
    Os professores de História se contentam em serem os mais amados para a galerinha do cursinho. Os professores de História podem ser os mais boçais para a galerinha do cursinho. Os professores de História não gostam dos livros de História, os didáticos. E por não gostarem dos livros didáticos, elaboram apostilas. Os alunos de História não gostam das apostilas e preferem os livros de História, os didáticos. Os professores de História não são didáticos.Os professores de História odeiam água natural, ventilador e máquina de xerox. Os professores de História adoram café, ar-condicionado e estagiárias. Os professores de História odeiam professores de História. E odeiam mais os pesquisadores. Os professores de História são pesquisadores e não fazem mais do que a própria obrigação.
    4 – O Trabalho (2)
    Os acadêmicos em História são como andorinhas de verão voando em V, congruentes.
    5 – O Calabouço Teórico
    Um dia ele vai te pegar, Historiador! Com o Boom de livros, minisséries e filmes com temas históricos, o Historiador se vê às voltas com perguntas célebres como “Elvis morreu?”, “Hitler era gay?”, “Quem era esse tal de Galvez?” ou nem tão célebres como “Quando Heliogálabo nasceu?”. Um alerta curioso aos curiosos: o Historiador é um ser confuso e qualquer informação por ele gerada poderá ser refutada. Caso ninguém faça imediatamente, ele mesmo fará, quando passar a ressaca.
    6 – História é Literatura (e vice-versa)
    Eu poderia citar um zilhão de exemplos. O que mais me apetece é o fato de que onde se encerra o estruturalismo de Foucault é, então, o começo do anedotário de Kurt Vonnegut.
    O segredo da loucura, em um parágrafo:“A insanidade incipiente de Dwayne* era, claro, principalmente uma questão de elementos químicos. O Corpo de Dwayne Hoover estava produzindo certos elementos químicos que desequibravam sua mente. Mas Dwayne, como todos os lunáticos novatos, também precisavam de algumas idéias ruins para que sua loucura pudesse ter forma e direção” (Vonnegut, Breakfast Of Champions, 1973)
    7 – História das Religiões
    A Enciclopédia Britânica lançou, em 1974, uma edição de luxo da Bíblia Sagrada. Logo na folha de rosto, os diretores esclarecem: todo o material reproduzido ali está sob o Copyright BARSA, à exceção dos Salmos para o qual foi usada uma versão portuguesa do R. Pe. Leonel Franca por permissão especial do Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, central a quem pertencem todos os direitos. Também constam imagens. Muitas. Todas de Copyright da Catholic Press. BARSA, Provincial da Companhia de Jesus e Catholic Press. Todo mundo revestido de Copyright para textos de propriedade intelectual do Espírito Santo. Que já teve muita briga por conta disso eu sei. Tanto é que essas Bíblias foram sacrificadas por pragas vindas do céu, como a umidade e as traças, que no caso do meu exemplar, já comeram todo o Pentateuco.
    8 – O Reconhecimento
    E. P Thompson já tinha escrito a Formação da Classe Operária Inglesa na década de 60 quando os olhos do mundo se voltaram para a iminência de uma guerra nuclear. Ao militar contra a Era Reagan e ao mesmo tempo romper com o marxismo ortodoxo, Thompson deu nó em trilho. Brincalhão, ele saiu fora do Partido Comunista Inglês e fundou um grupo de discussões que resultou na comunidade Historiador não entende piada. Ouvi dizer que para fugir do assédio se mudou da casa número 20 para a 22. Também que seu temperamento está exposto no Museu de Arte Contemporânea de Londres.
    9 – O Prestígio
    Tem historiador que é celebridade. Não há mal nenhum nisso.Em fulgurante palestra, realizada em 2004, o auditório do Colégio Rego Barros ficou realmente apinhado para ver a napoleônica interpretação de O Vermelho e o Negro de Sthendal. Todos queriam ver de perto o palestrante, autor de O Queijo e os Vermes. Carlo Ginsburg usava uma pronúncia familiar a poucos. Não era de bom alvitre piscar ou olhar para os lados. E quando foi possível entender algumas das suas frases, aí sim, todos se olhavam, lívidos, como se tivesse saído um gol.
    10 – A Aposentadoria
    O Historiador apresenta um, digamos, metabolismo mal acabado desde a mais tenra idade. Mas é no crepúsculo da profissão que conquista o direito e o dever para com as sessões noturnas, diabólicas por excelência, regadas a monografias criptografadas, analgésicos com café preto e cigarro.

    *Se você é historiador e tem alguma reclamação, entre em contato com a central através do e-mail nataliabrabo@yahoo.com.br. Nunca respondi e nem vou responder em horário de almoço. Beiju.


    Achei o texto genialmente engraçado...
    =)

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    quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

    Aam Ka Lassi

    Que tal um lassi de manga bem geladinho para os dias quentes do verão?



    Aam Ka Lassi 


    Sementes de 2 bagas de cardamomo verde
    4 mangas em pedaços
    500 ml de iogurte natural
    500 ml de leite
    4 colheres (chá) de açúcar refinado
    gelo para servir


    1. Moa as sementes de cardamomo em um pilão.
    2. Coloque as mangas no liquidificdor e bata até obter uma misura homogêne. Isso deve render cerca de 500 ml de polpa de manga.
    3. Adicione o cardamono triturado, o iogurte, o leite e o açúcar no liquidificador e bata.
    4. Sirva com gelo.

    Rendimento: 4 porções Preparo:5 minutos


    Esta receita está na página 184. Quem quiser aprender outras e ver as belíssimas fotografias que acompanham as receitas é só procurar pelo livro ou esperar pelas postagens aqui no blog...

    MALHI, Manju. Culinária indiana: receitas especiais fáceis de fazer. São Paulo: Publifolha, 2009.


    Em breve mais receitas indianas desta e de outras publicações que fazem parte da minha biblioteca.

    =)
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    Corre Potira Corre

     "Run Lola run
    Running high and fly
    Far from the streets
    Where spread misery."

    This is how I love you. 





    Corre Lola Corre (Ojos de Brujo)


    Historias de perdedores
    siempre ha habido y siempre habrá
    historias de almas gemelas
    valientes ante el azar.

    Historias de perdedoras
    siempre ha habido y siempre habrá
    historias de almas ke vuelan
    de esta cruda realidad.

    Corre Lola corre
    Corre alto y vuela
    Lejos de estas calles
    Donde reparten miseria

    Corre Lola corre
    Corre alto y vuela
    Lejos de este infierno
    Ke te va a llevar a la trena

    ¡¡¡Corre Lola corre!!!

    Deambulando por la calle
    sin nada en los bolsillos
    nada ke ganar todo ke perder
    sabiendo ke te has ido
    ke espero yo de un mundo
    donde vales lo ke tienes
    y yo no tengo ná de ná

    Desesperá por la calle
    buscando una salida
    donde poder escapar
    miradas por las esquinas
    mientras lucen aparentes
    mente en blanco y solamente
    tú buscando un trago más

    Y ésta es la vida ke dice,
    La vide ke empuja, empuja
    Y ésta es la vida ke dice,
    La vide ke empuja, empuja
    Y ésta es la vida ke dice,
    La vide ke empuja, empuja
    Y ésta es la vida ke empuja
    Empuja, empuja, empuja

    Yo no tengo más
    ay! eke este corazón
    Guardo la distancio
    ay! entre tú y yo
    Ni pena ni gloria
    Si esto es una noria
    Cariño sincero
    Añejo sabe mejor

    Ya no quiero ná más ná
    ke yo ya lo tengo tó
    Guardo tu recuerdo
    Tengo tu calor
    Ni pena ni gloria
    Si esto es una noria
    Corre Lola libre
    así es como te quiero yo.

    Es la vida la ke empuja y la ke aprieta
    kien conoce el camino de vuelta
    Es la vida la ke empuja y la ke aprieta.

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    segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

    Etnofoco

     
    Esta é para quem gosta de AntropologiaVisual, Fotografia e cultura indiana:


    Apreciem este genial site com o trabalho da antropóloga Lena Tatiana Dias Tosta em parceria com o fotógrafo Olivier Boëls.




    Para saber mais, ler apontamentos e ver as fotos, vá até o link Ciclocosmos
    Holy Ashes
    Kali Yuga
    Backpackers of Charity
    Roots and Routes of Ladakh
    From Kashi to Varanasi
    Encounters
    A path with a soul

    Tears of Ganga Maa

    Fotos por Olivier Boëls


     








    Hordas, Santos e Loucos*
     Por Lena Tatiana Dias Tosta


    Deitados em camas de pregos ou meditando nus em cumes nevados do Himalaia,
    os sadhus povoam nossas Índias imaginárias. Em geral, sua “denominação nativa” é
    ignorada, mas temos referências deles tanto como os renunciantes extremos da biografia
    do Buda Shakyamuni ou como um figurante de alguma cena gravada com os Beatles na
    Índia ou ainda dos quadrinhos de Tim-Tim. Ignoramos “a Índia” como complexidade;
    até mesmo os estudos orientalistas não ganharam expressão no Brasil. Ainda assim,
    temos uma impressão sobre sadhus.

    O termo sadhu deriva do sânscrito “reto”, na conotação de “pessoa que segue o
    caminho”. É título conferido àqueles que passaram por uma iniciação em uma linhagem
    de ‘renunciantes’ hindus. O ideal prescrito ao sadhu é um estado de liminaridade que
    lembra um entre-lugar de um paradigma realista metafísico: eles não estariam nem
    totalmente mortos para a dimensão fenomênica, nem vivos para as mesmas aspirações
    sociais e materiais daqueles dos “não-renunciantes”. Com cinzas sagradas (vibhuti)
    pintando seus corpos nus e adornos de ossos, muitos sadhus nagas e aghoris carregam no
    corpo a lembrança constante de seus objetivos. Vivem em vias de transcender a realidade
    física enquanto continuam em um “corpo de carne”. São como as cinzas sagradas com as
    quais se vestem: tangíveis e intangíveis, preto e branco, simultaneamente puros e
    impuros.

    Tendo em vista uma contribuição para um processo de descolonização do saber,
    é preciso buscar no saber “outro” hegemônico (ocidental) as “nossas” referências
    (ocidentalizadas) para nos aproximar dos “instrumentos filosóficos” de “outros”
    distantes. Explicitar a politização da comparação talvez leve a um passo seguinte: abrir
    uma brecha para a legitimação e posterior sistematização do ensino-aprendizagem de
    outros saberes nas universidades ocidentais e ocidentalizadas.

    Nestas representações há pouco espaço para o mundo da vida e a subjetividade
    dos sadhus representados. É feito um afastamento mais ou menos intencional de um
    universo de sadhus que não se adequam aos estereótipos e noções morais que se adscreve
    a eles à revelia. O que une todos estas representações estereotípicas é a expulsão dos
    sadhus “deste mundo” de lucidez e regras sociais. Seriam ascetas, hordas, santos, loucos,

    intoxicados, macabros, milícias – em qualquer caso, fora de um ideal de controle do
    sujeito socializado. Cabe indagar o quanto cada imagem é intencionalmente construída
    para adequar o sadhu a um modelo e quais são os interesses por trás de cada
    representação.

    A figura do sadhu que deliberadamente se submete aos mais penosos desafios em
    nome da transcendência se confunde com própria história orientalista da Índia. Votos de
    silêncio, de manter-se em pé por décadas ou viver sobre uma cama de pregos são
    austeridades que fazem parte do mundo imaginado desses iogues. Diz-se dos sadhus
    extremos que eles buscam um atalho para o Moksha, um tratamento de choque para
    afastarem-se da ilusão do mundo materialista.

    Para os sadhus não há reinos a serem conquistados e não há vários indivíduos
    sobrecarregados de pecados a serem expiados por mortificações e austeridades. Embora
    muitas austeridades façam parte de um acervo “tradicional” de práticas dos sadhus, como
    sua noção de caminho é contingente, já não são vistas como necessárias ou condizentes
    com os tempos atuais.

    A noção de eras cosmológicas cíclicas implica em uma adequação das práticas à era em questão.
    Segundo a maioria das interpretações hinduistas, vivemos em Kali Yuga, a era da espiritualidade decaída,
    do materialismo e da aceleração de ritmos. Como é mais árduo tentar práticas espirituais nesta era, a
    eficácia das mesmas é maior que em outras eras tornando as práticas mais extremas desnecessárias.

    Do fascínio respeitoso de Alexandre o Grande com sadhus nasceu a imagem de
    filósofos nus, a primeira representação sobre sadhus a correr o ocidente. Como já foi
    mencionado anteriormente, a representação colonial girava em torno de ascetas e
    “faquires”, da idéia de santos e de hordas e milícias – dando a impressão até de que se
    tratasse de sujeitos diferentes. Na historiografia colonialista até o Séc. XIX, os nagas são
    representados como hordas sanguinárias que formavam milícias a serviço das elites locais
    (Pinch, 2005), fora, portanto, da “civilização” indiana ou da colonização britânica. Vale
    lembrar aqui a limitação das fontes historiográficas ocidentais: os nagas foram
    circunscritos a este estereótipo de “ascetas guerreiros” porque interessava à historiografia
    documentar os conflitos políticos – e, portanto, os sadhus que se envolviam com
    atividades militares apareceram como a representação majoritária.
    Nos anos 70 a Índia recebeu uma onda de viajantes, “hippies” que produziam e/ou
    consumiam uma literatura caracterizada por um imaginário sobre sadhus como homens
    santos, iogues com poderes extraordinários e professores espirituais 

    Boa parte da literatura ocidental contemporânea contrasta com este olhar da
    “contracultura” ocidental por seu desencantamento explícito. Os sadhus não são mais
    respeitáveis, “perderam a santidade”, mas continuam exóticos. Tornaram-se figuras
    marginais, algo como “malandros”, malucões um pouco sinistros com seus “apetrechos
    macabros” longos deadlocks, bolsinhas bordadas em multicores e cajados de tridentes,
    que levam a vida viajando a custa de vítimas da fé. Daí a uma representação dos sadhus
    como bandidos.




    Bibliografia
    BEDI, Rajesh. The Holy Men of India. New Delhi: Brijbasi, 1991.
    BOUEZ, Serge. “Introduction”. In: Ascèse et Renoncement em Inde. Paris:
    L’Harmattan, 1992.
    DAS, Veena. Structure and Cognition: aspects of Hindu Caste and Ritual. New
    Delhi: Oxford University Press, 1977.
    DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus: o sistema de castas e suas implicações. São
    Paulo: Edusp, 1992 [1966].
    ELIADE, Mircea. Yoga, Imortalidade e Liberdade. São Paulo: Palas Athena, 1996.
    FAVRET-SAADA, Jeanne. Deadly Words: Witchcraft in the Bocage. Cambridge
    University Press, 1977.
    FOUCAULT, Michel. O que é um Autor? In: Estética: Literatura e Pintura,
    Música e Cinema. Ditos & Escritos III, 264-298. Rio de Janeiro: Forense
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    GHURYE, G. S. Indian Sadhus. Bombay:Popular Prakashan Press, 1995[53].
    GUÉNON, René. Man and His Becoming According to the Ved_nta. New Delhi:
    Munshiram Manoharlal Publishers, 1999[81].
    GROSS, Robert Lewis. The Sadhus of India. New Delhi: Rawat Publications, 1992.
    HARTSUIKER, Dolf. Sadhus, India’s Mystic Holy Men. Vermont: Inner Traditions
    International, 1993.
    KAKAR, Sudhir. The Colors of Violence: Cultural Identities, Religion and
    Conflict. Chicago: The University of Chicago Press, 1996.
    LATOUCHE, Serge. A Ocidentalização do Mundo. Petrópolis: Vozes, 1994.
    LATOUR, Bruno. “Tribunais da razão” In: Ciência em Ação. São Paulo: Editora
    Unesp, 2000.
    MACDONALD, Sarah. Holy Cow. New Delhi: Bantam Books, 2002.
    McGregor, R. S. The Oxford Hindi-English Dictionary. New Delhi: Oxford
    University Press, 1993.
    MADAN, T.N. Non-Renunciation: Themes and Interpretations of Hindu Culture.
    New Delhi: Oxford University Press, 1987.
    MINER, Horace. "Body Ritual Among the Nacirema." Readings in Introductory
    Anthropology. Cambridge: Erlich, 1976.
    NARAYAN, Kirin. Storytellers, Saints and Scoundrels: Folk Narrative in Hindu
    Religious Teachings. New Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1992.
    PARRY, Jonathan. Death in Banaras. New York: Cambridge University Press,
    1994.
    PINCH, William R. “Soldier Monks and Militant Sadhus”. In: Making India Hindu:
    Religion, Community, and the Politics of Democracy in India. New Delhi:
    Oxford University Press, 2005.
    VAN DER VEER, Peter. (2005). “Writing Violence”. In: Making India Hindu:
    Religion, Community, and the Politics of Democracy in India. New Delhi:
    Oxford University Press, 2005.



    *Trechos selecionados do artigo original publicado em : 30º Encontro Anual da ANPOCS, 24 a 28 de outubro de 2006;
    GT 10 - Imagens e Sentidos: a produção de conhecimento nas ciências sociais
    Publicado no Anais do 30º Encontro Anual da ANPOCS, trabalho 754-1.
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