Páginas

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Índia no Miss Universo 2010: Ushoshi Sengupta

                                     

De Kolkatta, 21 anos de idade e 1,70m de altura, Ushoshi Sengupta,venceu o I am She, concurso que escolhe a representante indiana para o Miss Universo. A modelo agora vai representar a Índia no Miss Universo 2010 em Las Vegas.
Share |

domingo, 30 de maio de 2010

Aldous Huxley: Prefácio para Krishnamurti


"O homem é um anfíbio que vive simultaneamente em dois mundos - o mundo da realidade e o mundo por ele próprio fabricado - o mundo da matéria, da vida e da consciência, e o mundo dos símbolos. Quando pensamos, fazemos uso de grande variedade de sistemas de símbolos: lingüísticos, matemáticos, pictóricos, musicais, ritualísticos. Sem esses sistemas de símbolos, não teríamos arte, nem ciência, nem lei, nem filosofia, nem sequer os rudimentos da civilização; em outras palavras, seríamos animais."
Prefácio de Aldous Huxley


In: KRISHNAMURTI, Jiddu. A primeira e última liberdade. São Paulo: Cultrix, 1972.

Krishnamurti nasceu em Madanapalle, sul da Índia, em 1895. Seu pai trabalhava na Sociedade Teosófica em Adyar. 
Foi um filósofo e místico, escreveu sobre meditação, conhecimento, relações humanas, sobre a mente humana e revolução psicológica. Não tinha relações com nenhuma organização filosófica-religiosa, suas palestras e livros não são ligados a nenhuma religião específica, mas a humanidade como um todo.


 Para ler mais sobre Krishnamurti, visite Instituição Cultural Krishnamurti
Share |

sábado, 29 de maio de 2010

O passeio da Índia II - Um pouco mais de Arte Contemporânea Indiana

O passeio da Índia II – Cena contemporânea

Iris Jönck em 17 de fevereiro de 2009  in Procurando Bob

cir12
O destaque de arte contemporânea fica para a exposiçao da Casa Asia em parceria com a Walsh Gallery, que traz artistas atuais em alta e que contam com projeção internacional.
Entre os meus destaques, considerando a temática social, o uso de ferramentas e o resultado estético , estão:
Reena Sini Kallat, que trabalha temas como família, pobreza e guerra. Ela usa a ironia revelando a fragilidade do ser humano diante das forças políticas opressivas. O trabalho abaixo “Sellos pintados (2007)”, exposição da Casa Asia, foi feito com carimbos pintados construindo figuras humanas.
dsc079811
dsc07984
dsc07985
Shilpa Gupta, Mumbai, transita em diferentes disciplinas e suportes tendo em seu portfólio diversos trabalhos com apoio de tecnologia digital e web. Sua obra gira em torno de desejo, religião e a noção de segurança em espaços públicos e fronteiras.
dsc080001
Security Caps (2008), exposiçáo da Casa Asia.
001
shilpa
Esta obra acima (2004-05) contava com a interatividade do público e tratava tanto do tema da guerra e “banalizaçao” do assunto como também de como somos manipulados  socialmente. Ao clicar as figuras mudavam de posiçao e copiavam um líder da imagem.
Um trecho do texto dela que acompanha a instalação:
“In this wall projection, are seven figures, all dressed up in the camouflage – which has become increasingly fashionable after the War on Terror Campaign. First in the West, and more recently, spilling East onto the streets outside my home. Now I can walk into shops two blocks from where I live and buy camouflage gear. Camouflage makes you feel Cool and masquerade Terror. Terror is quite Cool.


Click on the figures and they move, they copy, they imitate. Click one, click two, choose a leader, become a leader and the rest follow. If they stop, click them up and they join.


Exercise 1 – 2 – 3 – 4. One Bend, Two Bend, Three Bend, Stay. Look Straight – Don’t See – STAY.

Barthi Kher. Nascida em Londres, atualmente mora e vive em Nova Delhi. Seu trabalho faz referência a construção de identidades, gêneros, raças, cultura de consumo e globalização. Criou interessantes construções através da exploração do elemento bindi, que são as marcas circulares vermelhas que as mulheres casadas indianas fazem no centro do rosto, alusão ao símbolo hindu do terceiro olho.
cir31
heart-bindi
detail
cir5
Aqui detalhes do bindis nesta escultura de elefante que fazia parte junto com o coração da exposição ” An absence of assignable cause” de 2007 ma Jack Shainman Gallery, Nova York.
dsc07998
Painéis em exposição na Casa Asia com figuras humanas híbridas.
Share |

O passeio da Índia - Arte Contemporânea Indiana

O passeio da Índia

Iris Jönck em 13 de fevereiro de 2009  in Procurando Bob 

Depois do levante de exposições chinesas e do ressurgimento do mercado de arte russo agora é a vez da emergente Índia ter as honras da noiva.
mulher
Mulher de Ravinder Reddy 2007
Além de convidada especial deste ano da ARCO, em Madrid há mais 2 exposições montadas que se fizeram coincidir com a feira, mas que ficam ainda mais um tempo. A “Narrativas de Índia no século XXI, entre memória e história” da Casa Ásia e “Cultura Popular Índia…e além: cismas (emergentes) nunca contados“, da sala Alcalá 31. Para completar há ainda na La Casa Encendida uma mostra de filmes independentes indianos.
Em Londres figura a exposição ¨Indian Highway¨ da Serpentina Gallery e em Tokyo, o Mori Art Museum em Tokyo com a Chalo! India (let’s go India) também mostra a arte contemporânea deste paìs.
head_01
A exposição de cultura da Alcalá 31, mostra um excelente resgate de manifestações artísticas principalmente dos séculos XIX e XX. Traz trabalhos em litografia com as representações dos deuses hindus e seu significado na vida das pessoas e também a utilização da fotografia,  e sua manipulação com pintura, técnica que foi muito difundida no país e praticada, talvez uma das prováveis origens da vocação do cinema indiano.
bopo-138
Mostra a influência do teatro na temática e estética das obras e até peças de embalagem e propaganda de produtos ingleses que tiveram grande importância no fortalecimento das imagens relacionadas à esse imaginário cultural. A indústria inglesa, ajudada pela força gráfica alemã, difundia imagens de deuses e cenas indianas nas embalagens de produto como se o deus estivesse ¨abençoando¨aquele produto.
indiamad01ka0
Toda essa difusão de imagens tem conseqüências no uso da técnica de colagem, imagens de calendários eram recortadas e ¨coladas¨em uma outra imagem para compor a cena, incluindo o uso de peças com objetivos políticos. Usando esta técnica, CK Rajan trabalha com fotografias de recortes de jornal para criar mensagem críticas atuais.
ck-21
Uma obra curiosa chama a atenção. A imagem de vários deuses colados em uma vaca, que simboliza que qualquer um deles poderia encarnar em uma vaca, promovendo a sacralização do animal.
280px-sacred_cow2
Share |

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mumbai Meri Jaan?

Seguindo a mesma proposta do Net Geo Channel, a Globo também também produziu uma série sobre as metrópoles do mundo, entre elas, Mumbai. (Para reler o post sobre Mumbai para o canal Net Geo clique aqui.)

No vídeo abaixo, que foi ao ar no Fantástico do dia 23 de maio, Zeca Camargo apresenta algumas curiosidades de Mumbai: a favela Dharavi, a indústria do cinema Bollywood, onde trabalha a modelo brasileira Giselli Monteiro e um pouco da vida nesta barulhenta metrópole.





Para mais informações sobre a cidade, releia o post sobre Mumbai/Bombaim, aqui.

Share |

segunda-feira, 24 de maio de 2010

E se a moda pegar?




The Times of India - DESERT FIRANGIPANI - Wednesday, May 5, 2010


BRAZILIAN WOMEN NEED INDIAN HUSBANDS 

BRAZILIAN ACTRESS JULIANA PAES SPEAKS EXCLUSIVELY TO JT ABOUT HER FAITH IN INDIAN GODS,PLANS OF TAKING UP BOLLYWOOD PROJECTS AND MORE 

DIVYA PAL Times News Network 

You were in a spiritual retreat 

I follow an Indian guru.I was away to complete my second course of Sri Sri Sri Ravi Shankars Art Of Living.There is a lot that I have gained by following Art Of Living.I have learnt the benefits of not having an ego.We artistes think of ourselves as special beings.But in reality,we are nothing.Such lessons become important when you know you live in a world where people lose temper easily,point fingers at others and crib.We neither accept people the way they are nor admit our mistakes.

The impact of your show Caminho das Indias has 

been very strong.Brazilians are still curious to know about Indian culture and traditions... 

We had spent three months studying Indian culture,the way Indians speak,look and behave.For,its all different from here in Brazil.We had to focus a lot on gestures to help the people in Brazil understand and connect with the story.Im happy we did justice to our roles and made people know India.

Has your show brought any change in the perspective of Brazilians about India 

Yes,it has.They didnt know much about India.Initially,it wasnt all that easy for the viewers to understand Indian beliefs,Gods,rituals and expressions shown in the show.But that has changed now.Whenever I would be out on the streets,people would come to me and speak Hindi words.Theyd ask me questions like,How is India Tell me more about India.They all wanted to visit India especially the Pink City.We are all in love with Indian culture because people in India have so much respect for their parents and those elder to them.

Which Hindi words became popular in Brazil 

It was funny because it was pretty hard for us to speak Indian words.During our meetings,wed think of the Hindi words we wanted to use.Of the suggested words,I used shanti (be cool) and arrey baba,which also became a hit with the people in Brazil.Once,we also had a fight with Surya (the lovely Indian who helped us on the sets).I wanted to say some bad words in Hindi but he didnt let me.He said,You cant be saying bad words in Hindi. Thanks to my persistent efforts,he helped me learn the word janwar.I also know Mai tumse pyaar karti hoon.

Has there been a spurt in the number of shops selling sarees,Indian jewellery and music in Brazil 

Yes.Women were so impressed with Maya,the role that I essayed,that they started dressing up like her.They wanted to wear the same bindi and jewellery that Maya wore.In Brazilian shows,if a girl wears a bracelet,the viewers try to get that first.Since many Brazilians didnt know how to drape the saree,they went for the bracelet that Maya wore.This might sound funny,but I was also requested by the viewers to give tips on Indian make up.Hence,I had to upload videos to teach them the ways.It felt great to see women dying to be me.Even though the show is over,people still talk about it.I have done several shows,but the impact has never been this great.Brazilian women also fell in love with the way Indian husbands treat their wives.For,the show showed the bond between every Indian couple in a romantic way.Women were like Oh my God,we need an Indian husband.

You too need an Indian husband 

(Laughs) No.I have a Brazilian husband.But I do tell him to behave like the husbands behaved in the Indian show.I ask him to treat me like a princess.

What was the experience like during your visit to India 

It was great.We went to Varanasi,Agra and Jaipur.In Jaipur we shot on streets,at the Hanuman temple,virtually everywhere,with the locals,elephants,etc.Sometimes the director would put the camera far away from us,leave a radio in our pocket (for us to listen to the instructions) and would ask us to move with the local people on the roads in Jaipur.We would have bodyguards dressed like Indian people for our security on the roads.We also went to Jaigharh Fort.And,of course,Taj Mahal in Agra.I even cried on seeing the monument.For,it is exceptionally beautiful.Every window of the monument was like a frame to the sky,to nature.

Anything you bought from Jaipur 

I bought a lot of things,it was crazy.I dont have space to keep them.I bought a lot of dupattas,sofa and bed covers.My house is full of Indian stuff.I also got beautiful images of Lord Ganesha and Lord Krishna.

You also learnt yoga and Kathak to ensure you did justice to the role of Maya,isnt it 

I spent many nights awake watching videos.I watched hundreds of videos of Aishwarya Rai.I think she dances like a queen.She is gorgeous.Classical Indian dance is not easy.It is very specific and every movement has a meaning.I used to watch the videos and whatever looked beautiful I tried to imitate in the show.I didnt have that much time to learn the mudras so I danced in the show like actors dance in Bollywood films.

Have you met Aishwarya 

I just know her through the internet.I have seen a lot of her movies and know she is married to Abhishek,a famous Bollywood actor.Im aware of the fact that Bollywood actors are like Gods in India.Aishwarya is amazing.I also like Bipasha Basu.


Youre called Aishwarya in Brazil... 

Yes.They think I look like her,just that I dont have those green eyes.During my stay in India,a lot of people asked me which part of the country I had come from and I would say,Im from Brazil.And they wouldnt believe me.

Was wearing sarees in the show a mammoth task 

No.In fact I taught many people how to wear a saree,most importantly the seven folds.I learnt it and know how to wear it.Saree is sure the sexiest garment.I bought myself loads of sarees from India.For,I wanted to use them for my role of Maya.I really miss wearing sarees.It was just so special to me.





This pic was clicked backstage,right in the middle of the show 

With Indian dancers.I spent many nights watching dance videos as I was to dance in the show 

On the sets,with part of the crew.Thats a cool mahal in the background 

Right after winning the Emmy it was emotional,special,a momentous time of our lives 

Shopping for juttis ... Never seen so many colours at one place,ever 

I bought lots of dupattas from Jaipur 

Dancing on the sets,for the show.I mustve watched hundreds of videos of Aishwarya Rai,to learn to dance like her 

I got beautiful images of Lord Ganesha and Lord Krishna from Jaipur 

Just the moment we arrived at the Rambagh Hotel 

At the Jaighar Fort.Its just so beautiful 

Shooting in progress 

Having lunch on sets Marcio,my co-star,couldnt stand the heat 

During the shoot of Caminho das Indias in Rajasthan.Adding to the colours were the painted elephants! 
Share |

A sabedoria dos Vedas


CHATTERJI, Jogadish Chandra. A sabedoria dos Vedas. São Paulo: Editora Pensamento, s/d.


Título original: The Wisdom of the Vedas

1973, The Theosophical Publishing House


"Pode-se dizer, seguramente, que em nenhum outro lugar o leitor e o estudioso encontrarão disponível uma explicação tão abrangente e tão clara feita por uma autoridade tão competente."

Estas palavras, tiradas da Introdução de John Dewey a este volume, resumem toda a importância desta obra do Pândita Chatterji, indispensável para todos quantos se interessam por conhecer os fundamentos e o método do sistema oriental de pensamento consubstanciado nos Vedas.

O nomeVeda (no plural, Vedas) significa literalmente Sabedoria ou Ciência, e é usado para designar toda a literatura, constituída de dezenas de livros  e de milhares de poemas, hinos, lendas, mitos e narrativas, que constituem as Escrituras Sagradas de várias religiões da Índia, principalmente do Vedismo, do Bramanismo e do Hinduísmo.

Embora todo esse universo literário constitua a resposta da sabedoria mais antiga da Índia às questões básicas que movem o pensamento humano - a vida, sua origem, seu propósito e seu objetivo - tratando-se de sistemas filosóficos e de pensamento tão distantes, faz-se necessária a visão de um guia seguro que torne acessíveis ao estudioso e ao leitor os pontos básicos da cultura indiana.

Este o sentido desta obra - uma introdução ao pensamento espiritual do Oriente - para o qual, cada vez mais se volta o Ocidente, desejoso de lançar novas luzes sobre muitos problemas, não resolvidos, dos nossos tempos modernos."
Share |

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os sábios


"Os canais de irrigação guiam a água; os flecheiros endireitam as flechas; os carpinteiros vergam a madeira; os sábios modelam a si próprios."

A Dhammapada
EASTCOTT, Michal J.O caminho silencioso: Uma introdução à Meditação. São Paulo: Editora Pensamento, s/d.

Tìtulo original: The Silent Path: An Introduction to Meditation 1969.

Ilustração  Ionit Zilberman
Share |

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Passagem por Goa




Passagem por Goa 
Evandro Domingues em 17 de setembro de 2008


Vivo com Goa – e Goa comigo – há já cinco anos, desde que me interessei pela literatura desta antiga colônia portuguesa. A paixão tornou-se séria quando fui aceito no programa de Doutorado da UFF para estudar literatura goesa contemporânea em língua portuguesa. Deram asas à cobra. Viajante incansável, achei que não ficava bonito escrever e ler tanto sobre Goa sem lá ir conhecer aquela realidade. Tinha, então, desculpa para, enfim, conhecer a Índia, paixão antiga, adolescente, mas que andava meio adormecida.

Fui duas vezes: em janeiro de 2007 e em janeiro deste ano, mas este pequeno texto trata mais da viagem primeira. Já no caminho para o hotel, o inesquecível: são tantas as crianças, tantos os sáris esvoaçantes, tantas as mangueiras ancestrais. Os pontos de ônibus, lotados, nas entradas das aldeias. À tarde vou andar, meto-me por Caranzalem: as corumbinas peixeiras, as casas cristãs, os tulsis das casas hindus. O quarto do hotel tem TV de plasma e uma vela com caixa de fósforos. Isto é a Índia. O dever de casa que me imponho é domar os sentidos, apaziguar um pouco estas algazarras, este soco nos olhos e nos ouvidos. Mas, felizmente, não conseguirei.

No Museu Arqueológico de Velha Goa, conheço a famosa estátua de Camões, que ficava no centro da antiga capital. Quando Goa é incorporada à União Indiana em 1961, depois de 451 anos de colonização, surge o dilema: que fazer com a estátua? Ela continua no centro de Velha Goa até 1983, quando decidem que é uma lembrança inaceitável da época colonial e, portanto, não pode continuar onde está. Alguns radicais propuseram explodi-la, quando autoridades houveram por bem removê-la para o museu. Penso esta estátua como uma metonímia do legado português em Goa. “Que faremos com esta estátua?”, perguntaram-se goeses desejosos de construir uma nova realidade que, por causa da colonização, esteve sempre de costas voltadas para a Índia. Que faremos com esta língua, com estes casarões, com estas igrejas e capelas que coalham a paisagem, com este chutney de bacalhau? Uma estátua até se explode, mas e o resto? E a Igreja de Bom Jesus, a do corpo incorrupto de São Francisco Xavier, visitada igualmente por cristãos e hindus descalços?

Não fui a Goa em busca de permanências de essências de uma cultura luso-tropical, porque isso não existe. São Francisco Xavier é um santo da Índia, como o catolicismo é já, hoje, uma religião, senão indiana, da Índia, uma delas, principalmente se levarmos em consideração as práticas religiosas banhadas de mestiçagem. O mesmo se dá com a língua portuguesa. Neste país que tudo recicla (“Na Índia não se desperdiça nada, nem impérios caídos”), a “Índia Latina” é cheia de indianidades, já é abarrotada de “Indian style”, de que o trânsito é ótimo exemplo. Na motocicleta viaja a família: marido e mulher, entre eles três filhos. Os carros, os ônibus, os rickshaws, as vacas, os pedestres, as lambretas, os búfalos. Faltam calçadas e sinais de trânsito. Uma rua estreita é de mão dupla. Veículos cruzam-se e milímetros os separam. Tiram tinta do retrovisor a todo instante. Please horn. Blow OK Horn. São milhares e milhares de deuses. Ainda que um se distraia, sempre haverá um outro atento.

Já próximo de encerrar a viagem, um vendedor de castanhas de caju me pergunta se sou indiano. Não posso crer em sua pergunta. Ele, que é de Gujarat, só pode estar troçando deste brasileiro que, apesar de muito sol goês, é assaz branquinho, denunciando sangues de Domingues e von Sydows que o geraram. Mas ele falava sério. Na verdade, já haviam me dito isto: passado um ano na Índia, eu me tornaria indiano. Para este simpático vendedor de castanhas, bastou um punhado de dias…

No último dia, deixamos que as recepcionistas do hotel, em meio a gostosas risadas, pintassem em nossas testas o rubro cucume, tão caracteristicamente indiano, que exibimos, felizes, triunfais, por todo o hotel, por toda Pangim. Se um outro vendedor de caju me aparecesse e fizesse a mesma pergunta: “Você é indiano?”, hoje responderia: “Um pouco.” E é provável que eu termine esta tese mais indiano do que quando a comecei. Nas palavras de Gruzinski, “o privilégio de se pertencer a vários mundos numa só vida”.

Talvez seja o encantador de serpentes!

Mas nosso olhos não chegam a esses lugares
De onde vem sua música.


(São uns lugares de luar, de rio, de pedra noturna,
onde o sonho do mundo apaziguado repousa.)

Mas talvez seja ele. (Cecília Meireles)

Se foste criança diz-me a cor do teu país
Eu te digo que o meu era cor de bibe
E tinha o tamanho de um pau de giz
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infância
embora nunca mais eu saiba como ela se diz (Ruy Bello)

Sua voz quase imperceptível
parecia cantar – parecia rezar
e apenas suplicava.
E tinha o mundo em seus olhos de opala. (Cecília Meireles)
Este povo que se basta a si próprio, seja na graça como na desgraça, está condenado a encontrar os caminhos do seu destino, dê por onde der! (Orlando da Costa)
No fim do mundo estava o princípio da minha vida. Mas eu ainda não sabia. (Francisco Camacho)
Evandro Domingues terminou o Doutorado em abril deste ano, mas a paixão por Goa continua. Em janeiro próximo, porém, não volta, já que se prepara para uma viagem maior: vai ser pai.

Share |

segunda-feira, 17 de maio de 2010

T-shirts...




Share |

sábado, 15 de maio de 2010

Aam Ki Chutney - Chutney de Manga

Na Índia, o chutney costuma ter um sabor mais azedo e é servido junto a um prato principal ou para acompanhar petiscos salgados. Apesar de existirem diversos chutneys de manga disponíveis no mercado, é difícil achar um que tenha pedaços generosos de fruta.



Rendimento: 4 porções
Preparo: 10 minutos
Cozimento: 10 minutos


1 colher (sopa) de óleo vegetal
1 manga grande em cubos
2,5 cm de gengibre descascado e ralado
2 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de vinagre de malte
1/2 colher (chá) de pimenta-do-reino
1/2 colher (chá) de sal

1) Aqueça o óleo numa panela de fundo grosso, em fogo baixo.
2) Adicione a manga, o gengibre, o açúcar, o vinagre, a pimenta e o sal e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, por cerca de 15 minutos, ou até a manga amolecer.
3) Retire a panela do fogo e deixe esfriar completamente.
4) Transfira o chutney para uma vasilha, tampe bem e deixe na geladeira por até 2 semanas.

MALHI, Manju. Culinária indiana: receitas especiais fáceis de fazer. São Paulo: Publifolha, 2009.
Share |
Related Posts with Thumbnails